Levanto-me bem cedo para o
primeiro dia de trinta em férias, em pleno mês de Julho, mês do meu
aniversário, quero aproveitar todos os dias, cada hora, cada segundo, dormir
apenas o essencial, o ginásio abre ás 07h00 e é precisamente a essa hora que lá
chego, começando a treinar logo de manhã fica assim arrumada esta rotina
saudável libertando-me para outras igualmente importantes… Saio do treino cheio
de vigor e penso então como planear as minhas férias, penso qual o local ideal
para me sentir livre e sentir que valeu a pena, penso em sol, praia e mar até
que me lembro que o que me faria bem era paz, sossego e meditação, então,
tropeço num folheto… Tibete! Nem é tarde nem é cedo! Compro o bilhete de avião
e apenas com uma grande mochila às costas com o que é essencial e uma roupa
adequada para montanha saio nesta viagem de trinta dias, faço escala em
Frankfurt e na China seguindo para a capital Tibetana Lhasa, terra, poeira e
pobreza por todo o lado, gente simples tal como a residencial onde fico, apenas
um beliche e uma ventoinha de tecto, casa de banho rudimentar e uma janela
apontada aos Himalaias, instalo as minhas coisas no lugar e saio á descoberta
pela cidade, procuro um guia que me leve pelas montanhas, acabo por encontrar
um negociante de sal que iria cruzar os Himalaias para o vender na aldeia mais
distante, em vez de conseguir um guia este negociante diz que me contrata como
trabalhador, recebendo salário no final pela ajuda prestada. Preparamo-nos
então para a caminhada de três dias, recebo o briefing do percurso,
descansamos, bebemos e às 5h00 começamos a caminhada com trinta cabeças de gado
carregadas cada uma com dois sacos de sal, caminhamos então na direcção das
montanhas, a viagem revela-se penosa e difícil pelo terreno irregular e
rochoso, fazemos pausa para descansar junto a um ribeiro que jorra água incolor
e fresca, após a pausa continuamos a subida pelas montanhas, apenas nós e uma
natureza rigorosa, o céu começa a ficar mais encoberto e uma neblina se forma,
a noite aproxima-se e criamos local para dormir, fogueira acesa e apelativa,
entretanto dois desconhecidos se aproximam, dois monges budistas circulavam na
zona e se juntam a nós, conversamos horas a fio combatendo o sono e o frio
junto á fogueira, falam-me do modo de vida deles e daquilo que para eles é
importante, aquilo que procurava para mim… eles sem largar um sorriso que lhes
preenche o rosto desde o primeiro momento… entretanto, eles seguem caminho e
nós descansamos quatro horas seguindo viagem de seguida, depois de 3 dias
cansativos mas cheios de liberdade e paz chegamos ao destino e concluído o
negócio sou remunerado pelo meu chefe e agora amigo e penso no que fazer a
seguir… voltar com ele para a cidade ou ficar naquele novo lugar mais interior?
Nem uma coisa nem outra! Peço-lhe que me leve ao mosteiro escondido entre as
montanhas de onde eram os monges que tínhamos encontrado na viagem, chegando lá
despeço-me agradecendo ao meu amigo por todo o apoio e amizade que me deu e
bato á porta do mosteiro, peço para falar com os dois monges que me levam para
o interior, lá dentro explico-lhes que pretenderia ficar lá até ao meu último
dia das minhas férias e como prova de boa vontade ofereci o dinheiro que tinha
recebido pelo trabalho que tinha feito, nesses dias que passaram não pensei em
mais nada senão na meditação, paz, cura interior e aproveitar cada momento de
reflexão meditando em conjunto com os monges ou sozinho no terraço do mosteiro
no cimo de uma das montanhas mais altas, junto às nuvens, virado para a
natureza, devorando a paisagem, após estes dias sou novo homem e regresso a
casa com outra energia, mais pura, mais espiritual, mais… minha! Agora me amo e
estou apaixonado por mim, a Princesa sou eu e encontrando-me… Feliz!
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