domingo, 13 de maio de 2012

Férias Sonhadas



Levanto-me bem cedo para o primeiro dia de trinta em férias, em pleno mês de Julho, mês do meu aniversário, quero aproveitar todos os dias, cada hora, cada segundo, dormir apenas o essencial, o ginásio abre ás 07h00 e é precisamente a essa hora que lá chego, começando a treinar logo de manhã fica assim arrumada esta rotina saudável libertando-me para outras igualmente importantes… Saio do treino cheio de vigor e penso então como planear as minhas férias, penso qual o local ideal para me sentir livre e sentir que valeu a pena, penso em sol, praia e mar até que me lembro que o que me faria bem era paz, sossego e meditação, então, tropeço num folheto… Tibete! Nem é tarde nem é cedo! Compro o bilhete de avião e apenas com uma grande mochila às costas com o que é essencial e uma roupa adequada para montanha saio nesta viagem de trinta dias, faço escala em Frankfurt e na China seguindo para a capital Tibetana Lhasa, terra, poeira e pobreza por todo o lado, gente simples tal como a residencial onde fico, apenas um beliche e uma ventoinha de tecto, casa de banho rudimentar e uma janela apontada aos Himalaias, instalo as minhas coisas no lugar e saio á descoberta pela cidade, procuro um guia que me leve pelas montanhas, acabo por encontrar um negociante de sal que iria cruzar os Himalaias para o vender na aldeia mais distante, em vez de conseguir um guia este negociante diz que me contrata como trabalhador, recebendo salário no final pela ajuda prestada. Preparamo-nos então para a caminhada de três dias, recebo o briefing do percurso, descansamos, bebemos e às 5h00 começamos a caminhada com trinta cabeças de gado carregadas cada uma com dois sacos de sal, caminhamos então na direcção das montanhas, a viagem revela-se penosa e difícil pelo terreno irregular e rochoso, fazemos pausa para descansar junto a um ribeiro que jorra água incolor e fresca, após a pausa continuamos a subida pelas montanhas, apenas nós e uma natureza rigorosa, o céu começa a ficar mais encoberto e uma neblina se forma, a noite aproxima-se e criamos local para dormir, fogueira acesa e apelativa, entretanto dois desconhecidos se aproximam, dois monges budistas circulavam na zona e se juntam a nós, conversamos horas a fio combatendo o sono e o frio junto á fogueira, falam-me do modo de vida deles e daquilo que para eles é importante, aquilo que procurava para mim… eles sem largar um sorriso que lhes preenche o rosto desde o primeiro momento… entretanto, eles seguem caminho e nós descansamos quatro horas seguindo viagem de seguida, depois de 3 dias cansativos mas cheios de liberdade e paz chegamos ao destino e concluído o negócio sou remunerado pelo meu chefe e agora amigo e penso no que fazer a seguir… voltar com ele para a cidade ou ficar naquele novo lugar mais interior? Nem uma coisa nem outra! Peço-lhe que me leve ao mosteiro escondido entre as montanhas de onde eram os monges que tínhamos encontrado na viagem, chegando lá despeço-me agradecendo ao meu amigo por todo o apoio e amizade que me deu e bato á porta do mosteiro, peço para falar com os dois monges que me levam para o interior, lá dentro explico-lhes que pretenderia ficar lá até ao meu último dia das minhas férias e como prova de boa vontade ofereci o dinheiro que tinha recebido pelo trabalho que tinha feito, nesses dias que passaram não pensei em mais nada senão na meditação, paz, cura interior e aproveitar cada momento de reflexão meditando em conjunto com os monges ou sozinho no terraço do mosteiro no cimo de uma das montanhas mais altas, junto às nuvens, virado para a natureza, devorando a paisagem, após estes dias sou novo homem e regresso a casa com outra energia, mais pura, mais espiritual, mais… minha! Agora me amo e estou apaixonado por mim, a Princesa sou eu e encontrando-me… Feliz!

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