terça-feira, 10 de abril de 2012

Evento 3



Acordo cedo, mas não tão cedo, para que tenha tempo de pensar em tomar o pequeno-almoço, saio de casa em direcção á Loja do Cidadão no Porto, quero chegar cedo para não perder muito tempo á espera da minha vez, o meu carro desliza pelo alcatrão devorando cada kmt até que chega ao parque de estacionamento, não encontra lugar facilmente, procura até que aparece o único lugar vago, o carro pára e eu saio rapidamente em passo acelerado, ao caminhar tropeço num arrumador que pede moeda, eu… sem paciência não lhe dou troco, respondo secamente que tenho pressa e não tenho paciência. Chegando á Loja do Cidadão encontro muita gente já a aguardar, o meu objectivo falha, tiro senha e aguardo duas horas para ser atendido, foram duas horas terríveis porque não saiu do meu pensamento a forma cruel como tratei o arrumador, sem culpa nenhuma tratei mal alguém que provavelmente tem a “Profissão” que tem por ter passado uma vida triste e pela qual provavelmente não tem culpa ou tem arrependimento… saio da Loja do Cidadão novamente com pressa, mas agora, tenho é pressa para encontrar o arrumador, chego ao carro, procuro mas não o encontro, aguardo poucos segundos e ele lá aparece vindo de trás de uma carrinha de tecto alto, aceno-lhe e chamo-o, ele provavelmente pensando em receber uma moeda estende-me a mão quando chega ao pé de mim, em vez de moeda aperto a mão dele com firmeza e sem largar pergunto-lhe se pode vir comigo, ele diz que não porque os colegas lhe iriam roubar o posto, mas como lhe digo que seria rápido, ele lá me segue, levo-o á pastelaria perto e quando chegamos á porta diz ele que fora proibido pelo proprietário em lá entrar, respondi-lhe que não se preocupasse com isso porque iria entrar junto comigo, pedimos o que queremos á empregada que vai buscar o que pedimos e é ao vê-la caminhar em direcção ao balcão que reparo num olhar mal-encarado, vi logo que seria o proprietário que proibira, olhava-nos fixamente com cara de poucos amigos… chamei-o, ele aproxima-se e eu pergunto se teria alguma nódoa no meu fato para que esteja a olhar fixamente… ele, fica vermelho, sem jeito e diz que não, gaguejando e desaparecendo de seguida em direcção da cozinha, não o vendo mais. Saímos já com o pequeno-almoço cumprido, chegamos ao meu carro, estendo a minha mão dizendo obrigado, mas… aconteceu o que não esperava… recebo um abraço de um humilde arrumador, sei agora as suas más opções e o vício do álcool… lavado em lágrimas o arrumador afasta-se, entro no meu carro e choro de alegria por ter coragem de fazer o que fiz, pois é, assim sou mesmo feliz!

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