terça-feira, 17 de abril de 2012

O fim da solidão



Adoro os meus longos cabelos e olhos negros, a minha pele clara e macia, os meus 1,60 de altura, os meus 49Kg, as minhas mãos delicadas, olho-me ao espelho e gosto de mim, também sou muito apaixonada e sensível, gosto de romantismo e sensualidade, gosto que me surpreendam, só que, no entanto… Não sou feliz com a minha solidão!
Hoje ao acordar, abro os olhos e não me levanto logo, olho o tecto e não vejo nada com a escuridão triste tal como a minha alma, fico momentos a pensar se vale a pena levantar-me para mais um dia sozinha, dia de tristeza e solidão, irritada, salto da cama para a janela, lembrei-me como gosto de sol e da forma como toca a minha pele suave, abro os estores com violência á procura de sol, fecho os olhos para que o possa sentir primeiro mas… nada! Abro os olhos e vejo que afinal hoje o dia está encoberto de uma mística neblina… foi a gota de água, desilusão! Pela indiferença, por ninguém me dar valor, pela minha solidão, pela minha dor, estou farta! Abro o meu armário para tirar a minha camisa de dormir e vestir alguma coisa para sair á rua mas penso… quem vai olhar para mim? Porque estou preocupada com isso? Vou mesmo assim como estou, camisa de dormir cor negra, será hoje o meu vestido! Saio do quarto e começo a descer as escadas, começo a sentir frio nos pés esqueci-me dos sapatos, que se lixe os sapatos e o frio! Abro a porta de casa e vejo a neblina intensa, começo a sair sem fechar a porta da entrada, afasto-me e caminho pelo alcatrão húmido é pouco macio mas estou-me nas tintas, quero lá saber, caminho agora na estrada sem destino, estrada deserta, não vejo ninguém, nem carros a circular, só eu e a minha solidão. Observo o cenário e vejo árvores a ladear a estrada, não mexe uma única folha, sem vento, sem sol, sem cor, sem… nada!
Continuo a caminhar, o meu corpo parece querer explodir, as lágrimas lavam-me o rosto, o meu corpo a gelar, eu sem me importar e depois de longos minutos… mudo de faixa, agora caminho na faixa contrária, agora já tenho talvez o único sentimento bom desde que me levantei, agora tenho esperança… esperança em ver os faróis de algum carro a vir na minha direcção, assim toda a minha dor desapareceria, depois de uma hora a caminhar o cenário continua, as árvores sem movimento, estrada sem ruídos, estrada fria e agora os meus pés delicados e em ferida também choram lágrimas de sangue e finalmente, agora sim! Vejo ao fundo duas luzes… paro a minha marcha e observo o aproximar de duas brilhantes luzes por dentro da neblina, recomeço a caminhar bem devagar, com passos seguros, caminho limpa e aliviada por finalmente ver uma solução, enquanto caminho, fecho agora os olhos, levanto a cabeça para trás, abro os braços para abraçar as lindas luzes que vêm ao meu encontro, oiço uma forte buzina de camião…………….

1 comentário:

  1. Bom texto, mas dá uma sensação de desespero... Isso não é nada bom, não há nada que justifique o suicidio...
    Embora, infelizmente, haja gente que não percebe isso...

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