Adoro os meus longos cabelos e
olhos negros, a minha pele clara e macia, os meus 1,60 de altura, os meus 49Kg,
as minhas mãos delicadas, olho-me ao espelho e gosto de mim, também sou muito
apaixonada e sensível, gosto de romantismo e sensualidade, gosto que me
surpreendam, só que, no entanto… Não sou feliz com a minha solidão!
Hoje ao acordar, abro os olhos
e não me levanto logo, olho o tecto e não vejo nada com a escuridão triste tal
como a minha alma, fico momentos a pensar se vale a pena levantar-me para mais
um dia sozinha, dia de tristeza e solidão, irritada, salto da cama para a
janela, lembrei-me como gosto de sol e da forma como toca a minha pele suave,
abro os estores com violência á procura de sol, fecho os olhos para que o possa
sentir primeiro mas… nada! Abro os olhos e vejo que afinal hoje o dia está
encoberto de uma mística neblina… foi a gota de água, desilusão! Pela
indiferença, por ninguém me dar valor, pela minha solidão, pela minha dor,
estou farta! Abro o meu armário para tirar a minha camisa de dormir e vestir
alguma coisa para sair á rua mas penso… quem vai olhar para mim? Porque estou
preocupada com isso? Vou mesmo assim como estou, camisa de dormir cor negra,
será hoje o meu vestido! Saio do quarto e começo a descer as escadas, começo a
sentir frio nos pés esqueci-me dos sapatos, que se lixe os sapatos e o frio!
Abro a porta de casa e vejo a neblina intensa, começo a sair sem fechar a porta
da entrada, afasto-me e caminho pelo alcatrão húmido é pouco macio mas estou-me
nas tintas, quero lá saber, caminho agora na estrada sem destino, estrada
deserta, não vejo ninguém, nem carros a circular, só eu e a minha solidão.
Observo o cenário e vejo árvores a ladear a estrada, não mexe uma única folha,
sem vento, sem sol, sem cor, sem… nada!
Continuo a caminhar, o meu
corpo parece querer explodir, as lágrimas lavam-me o rosto, o meu corpo a gelar,
eu sem me importar e depois de longos minutos… mudo de faixa, agora caminho na
faixa contrária, agora já tenho talvez o único sentimento bom desde que me
levantei, agora tenho esperança… esperança em ver os faróis de algum carro a
vir na minha direcção, assim toda a minha dor desapareceria, depois de uma hora
a caminhar o cenário continua, as árvores sem movimento, estrada sem ruídos,
estrada fria e agora os meus pés delicados e em ferida também choram lágrimas
de sangue e finalmente, agora sim! Vejo ao fundo duas luzes… paro a minha
marcha e observo o aproximar de duas brilhantes luzes por dentro da neblina,
recomeço a caminhar bem devagar, com passos seguros, caminho limpa e aliviada
por finalmente ver uma solução, enquanto caminho, fecho agora os olhos, levanto
a cabeça para trás, abro os braços para abraçar as lindas luzes que vêm ao meu
encontro, oiço uma forte buzina de camião…………….
Bom texto, mas dá uma sensação de desespero... Isso não é nada bom, não há nada que justifique o suicidio...
ResponderEliminarEmbora, infelizmente, haja gente que não percebe isso...